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6 de nov. de 2013

Little Star (Adaptada) Capitulo Dezesseis; Parte Um & Dois!

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Junho, 2010.

Lua suspirou ao ver que sua menstruação tinha chegado novamente. Não deveria estar surpresa, não é como se estivesse tentando engravidar novamente. Mas cada vez que via o sangue, ela só conseguia pensar em como ela deveria estar grávida nesse exato momento. Com quantos meses ela estaria? Quase sete, pensou. 
Não devia pensar nisso, essa era sua tática. Se não voltasse a pensar sobre o assunto, logo ela esqueceria. Sabia que era mentira, mas era o melhor que podia fazer. Tinha concordado com Thur que eles não poderiam se deixar levar pela tristeza. Estavam tentando.
Lua admitia que não estavam tendo muito sucesso nisso, entretanto. Tinha dias que ela tinha certeza que Arthur estava a um passo de voltar a beber e, às vezes, ela só queria se juntar a ele. Era difícil conseguir forças para continuar enfrentando dia após dia, mas eles estavam fazendo isso juntos. E isso era o que importava. Se continuassem juntos, nada poderia abalá-los. Ou, pelo menos, quase nada.
Lu ouviu uma risada de criança e algumas vozes vindo do andar de baixo. Provavelmente Sophia e Chay haviam chegado com Elle e Oliver, já que eles tinham combinado de almoçar juntos. Lua respirou fundo antes de sair do banheiro, pronta para encarar mais um dia fingindo que tudo estava ótimo.
Tudo não estava nem perto de estar ótimo. Ainda estava tentando colocar sua vida nos trilhos e, quase sempre, era difícil demais. Mas estavam indo. 

Setembro, 2010
Lua abriu a porta para que Catherine entrasse rapidamente, mas a irmã simplesmente a entregou umas mil bolsas e empurrou o carrinho do filho para dentro de casa. Desculpou-se por não poder entrar, dizendo que estavam quase perdendo a reserva no restaurante, agradeceu por Lu cuidar de Noah naquela noite e depois voltou para o carro, onde Micael a esperava.
Os dois sairíam naquela noite para comemorar seu segundo aniversário de casamento e deixaram Lu cuidando do filho. Catherine não queria, é claro, se dependesse dela levariam o filho para todos os lugares, mas Micael insitira que Lua podia cuidar dele por algumas horas. Era bom que Cath fosse se acostumando, já que eventualmente ela teria que voltar a trabalhar e não poderia ficar com o bebê o tempo inteiro.

Lua empurrou o carrinho até a sala, deixando-o ao lado do sofá. Noah ainda estava dormindo, Lu esperava que ele acordasse logo, era melhor do que acordar só de madrugada. Ela se sentou no sofá, ligando a TV no mudo, com medo de acordá-lo e ficou apenas observando a criança por alguns minutos. Foi interrompida quando Thur desceu, descobrindo que Micael e Catherine já tinham passado e ido embora, no intervalo de tempo em que tomava banho.
Não demorou muito tempo para que Noah acordasse e começasse a chorar. Pelas horas seguintes, Arthur e Lu entraram em uma rotina de pais, dando comida para o bebê, trocando a fralda, tentando fazer com que ele dormisse e o entretendo. Fazia muito tempo que não cuidavam de uma criança, não sozinhos, pelo menos. E, para falar a verdade, ambos estavam morrendo de medo.
Noah ainda era muito pequeno, com apenas seis meses, e fazia anos desde que os dois tiveram contato com um bebê dessa idade. É claro, eles sabiam o que fazer, não era tão complicado cuidar assim de uma criança por uma noite, o dilema interno que se passava era muito mais difícil de lidar.
Lu já tinha encontrado e segurado Noah muitas vezes antes, mas sempre com Catherine por perto, e a irmã nunca a deixava realmente cuidar dele. Fazer isso agora, fazia com que algo dentro de Lua despertasse.

Se não tivesse sofrido um aborto, estaria perto de dar a luz. Era engraçado, porque faltavam apenas algumas semanas para o dia que seria o aniversário de oito anos de Stella. Já fazia alguns meses desde que perdera o bebê, ela já poderia engravidar novamente. Mas será que ela correria esse risco?
Ela sabia que podia ter outros filhos, a médica havia lhe explicado que o que tinha acontecido não tinha nada a ver com ela. Isso era óbvio, afinal ela já tinha tido uma filha, sabia que não tinha nada de errado com seu útero. Não sabia, entretanto, se não havia nada de errado com sua mente. Ela estava bem agora, quão bem ela poderia estar. 
Ela estava se reerguendo, já se considerava feliz, hoje em dia. Ela costumava sair com Sophia e com algumas de suas antigas amigas, às vezes assistia a alguns shows do McFly, frequentemente visitava Catherine e Micael ou saíam para almoçar juntos. Ela e Thur eram felizes um com o outro, raramente ficava um clima sombrio na casa. Lua gostava disso. Se ela tentasse engravidar novamente, poderia acabar sofrendo outro aborto, e, dessa vez, não tinha certeza se conseguiria aguentar. 
Perder outro filho fora duro demais. Ela nunca aguentaria passar por isso pela terceira vez. Mas ver Noah se afagando no seu colo, puxando seu cabelo e balbuceando palavras inexistentes, fazia com que ela desejasse um bebê. 
Ela podia adotar, já pensara nisso muitas vezes. Mas novamente vinha aquele pensamento em sua cabeça: que ela não era capaz de ter um filho. Ela queria provar a todos – queria provar a si mesma – que conseguiria ter um filho. Ela conseguiria ser mãe, apesar de todos os obstáculos. 
Tudo o que precisava fazer era ter coragem. Coragem de tentar mais uma vez, a última vez. Talvez ela estivesse sendo estúpida, afinal o universo tinha deixado bem claro que não era seu destino ser mãe. Mas era seu sonho, e não se pode simplesmente desistir dos sonhos. É preciso ter esperança, porque enquanto a tivesse, seria tudo seria possível. 
Lua continuou pensando sobre o assunto até Catherine voltar para pegar Noah, que já estava dormindo quase profundamente. Ela agora tinha a certeza que queria tentar mais uma vez, apenas para ter certeza. Não iria colocar nenhuma espectativa, pelo menos não até a gravidez estar bem avançada, mas tentaria. Todavia, não sabia o que fazer com esse recém-adquirido conhecimento. Deveria falar com Thur ?
Ele fora um pouco oposto a última tentaiva de engravidar e veja no que aquilo havia dado. Ela duvidava que ele fosse ficar feliz com a ideia. Provavelmente acharia que aconteceria outro acidente. E que argumentos ela teria, afinal? Era verdade.
- Vamos lá para cima, querida, você está quase dormindo acordada – Arthur falou, cutucando Lua para despertá-la de seus pensamentos.
- Não estou dormindo, estou pensando – Respondeu, ainda meio perdida, mas acabou levantando mesmo.
- Pensando no que? – Ele perguntou, enquanto seguia Lua até o quarto.
Lua não o respondeu até chegarem no quarto, fazendo com que Arthur franzisse o cenho, ficando curioso para saber sobre os pensamentos da esposa. 
- Eu quero ter um bebê – Ela falou fazendo com que Thur parasse na entrada do quarto – Eu quero tentar de novo, Arthur .
- Agora? – Ele riu, se aproximando de Lu , fazendo com que ela apenas revirasse os olhos – Isso é sério, Lu ? Você não só ficou com saudades hoje por cuidar de Noah? – Ele falou, sentando-se na cama.
- É claro que é sério, Thur – Ela respondeu irritada – Eu venho pensando nisso há alguns dias. Eu quero ser mãe. Nós podíamos tentar só mais essa vez... Se eu não conseguir engravidar, nós podemos pensar em adoção. Por favor, Thur – Ela pediu, se aproximando do marido.
- Você tem certeza disso? – Ele suspirou – Lu , nós acabamos de passar por uma perda, não sei se estou pronto para outra.
- Não vai ter outra – Ela falou – Nós vamos no médico o tempo todo e fazer de tudo para que dê certo essa vez. E vai dar! Vamos, Thur , eu sei que você também quer – Lua ficou apenas o encarando, até que Thur sorrisse e a puxasse mais para perto a beijando.
- Tem algo que eu preciso fazer antes de engravidar – Lua disse, enquanto observava Thur quase dormindo, deitado ao seu lado na cama, ele apenas grunhiu como resposta, fazendo com que Lu o cutucasse para que ele abrisse os olhos – Eu preciso voltar para lá. 
Isso fez com que ele acordasse um pouco, franzindo o cenho.
- Lá aonde?
- Califórnia – Respondeu – Eu preciso encarar aquela casa. Acho que nós dois precisamos.
- Essa é uma péssima ideia, Lu – Ele falou, perdendo o sono e sentando-se na cama – Nós não precisamos ir até lá. Nós já superamos isso, não é? Irmos até os Estados Unidos só vai servir para deixar-nos tristes e vai piorar tudo.
- Ótimo, então fique aqui você, eu vou até lá – Disse, estressada pela rejeição de Thur, mas em seguida completou: - É importante, Thur. Eu sinto que se não fizermos isso, nunca vamos nos despedir de verdade e vai ser como se Stella sempre assombrasse nossas vidas.
- Isso é ridículo – Falou, encerrando o assunto e deitando-se novamente.
Mas, no fundo, ele sabia que não era. E mesmo se fosse, era importante para Lu, então ele acabaria fazendo de qualquer forma. Não custava nada ir até lá. Talvez fosse um pouco doloroso, mas talvez valesse a pena. Eles precisavam se despedir. Eles precisavam, finalmente, começar a vida de verdade.
Thur fechou os olhos, dormindo imediatamente, quase como se fosse uma defesa de seu cérebro para que ele não pensasse mais sobre o assunto. Naquela noite, teve um de seus piores pesadelos há mais de um ano, sonhara com o acidente. Não era raro que ele tivesse pesadelos com aquele dia, mas os piores eram os que que eram tão reais que Thur precisava de alguns minutos para se acalmar depois de acordar, lembrando-se que isso já tinha acontecido há muito tempo. Já tinha acabado. Não tinha certeza se era reconfortante.

Outubro, 2010

Lua sentiu os seus olhos ficarem marejados só de olhar para a casa, que parecia quase imutável. Fechou os olhos ao lembrar de sua última visita, quase podia ver Stella correndo pela escada, apertando a campainha até o pai abrir a porta e a pegar no colo. Lembrava como Stella estava animada para viajar, como ela estava morrendo de saudades de Thur e contava os dias para chegar na Califórnia. Lua lembra-se de como estava ficando irritada com as perguntas de Stella, entristecia-se ao saber que não apreciara completamente todos os momentos da pequena vida da filha.
Thur colocou as mãos nas costas de Lu , encorajando-a a andar. Meio hesitante, ela subiu os degraus, esperando Arthur para abrir a porta. Ao contrário do que secretamente imaginava, a casa não havia ficado completamente abandonada nos últimos cinco anos. Na verdade, ela sabia disso, quase todos os outros casais utilizavam a casa normalmente, nenhum deles relacionava a casa com Stella. 

Ela entrou na casa, deixando sua pequena mala no sofá da entrada. Eles ficariam apenas pelo final de semana, Lua achou que seria o suficiente e, de qualquer forma, ela não poderia tirar uma folga muito maior tão em cima da hora. 
Lu suspirou ao olhar para todos os cantos da casa. Olhando assim, ela nem parecia tão assombrada, mas se ela pensasse um pouco mais cada canto daquele local gritava Stella para ela. Lua estava acostumada com isso em sua própria casa em Londres, ela tivera bastante tempo para se adaptar, entretanto essa era a primeira vez que punha os pés na Califórnia, desde novembro de 2005. 
- Nós podemos sair daqui? – Ela perguntou, procurando por Thur , que ainda estava parado na porta.
- Pensei que o objetivo de vir era enfrentar as memórias. Isso não vai acontecer se ficarmos fora de casa o tempo inteiro – Reclamou, mas abriu a porta de novo.
Lua sabia daquilo, mas teriam muito tempo ainda para isso. Esses seriam dois longos dias, ela previu.

Eles andaram pela rua em silêncio, procurando por algum lugar que pudessem almoçar. Os dois estavam cansados na viagem de avião e queriam ir tomar banho e dormir, porém qualquer alternativa era melhor do que ficar naquela casa. Mesmo que todos os lugares contessem lembranças da filha. Pelo menos, nem todas as lembranças eram ruins. 
Acabaram parando em um restaurante que ficava próximo da casa. Já tinham comido lá muitas vezes e o cardápio não havia mudado muito nos últimos anos – era o tipo de local que o cardápio não mudaria nunca. Nenhum dos dois conversou muito enquanto comiam, tentaram quebrar um pouco a tensão, mas parecia quase impossível. 
- Você quer voltar? – Thur perguntou, depois de pagarem a conta, ainda sentados à mesa. 

- Ainda não – Respondeu – Eu queria ir até o lugar que você a levou. O morrinho perto da praia – Disse, com uma voz quase inauditível.
Thur não respondeu nada, apenas encarou a eposa como se ela fosse maluca. Por que ela iria querer visitar o local em que Stella morreu? Por que ela iria querer fazer uma coisa dessas? Arthur não poderia voltar lá, era mais fácil simplesmente enfiar uma faca em seu peito. Entretanto, ele sabia que Lu estava falando sério, ela realmente queria ir até lá. Era fácil para ela pedir algo assim, ela não estava presente, não tinha memórias do acidente de carro, não levava consigo a culpa de ter provocado a morte da filha.
- Vamos, Thur , já estamos aqui mesmo.
- Não lá, Lu , eu não posso – Ele disse, levantando-se da mesa sem aviso prévio, fazendo com que Lu ficasse alguns segundos atrasada.
- Pode sim, Arthur . Eu vou estar lá com você. Se você quiser voltar, eu vou voltar sem dizer uma palavra.
Thur não queria, aquilo era pedir demais. Mas ele havia concordado em vir com Lu para a Califórnia, não tinha? O que estava esperando, uma viagem a turismo? Se eles realmente queriam fazer isso, iam fazer direito. Apenas assentiu com a cabeça, pegando a mão de Lu e indo em direção a tal praia. 

Como resolveram fazer o caminho todo a pé – nenhum dos dois teria coragem de fazer aquele caminho de carro – acabaram demorando mais tempo do que o planejado subindo, já estava quase na hora do pôr-do-sol quando chegaram. Era ironico, é claro, que fora com esse objetivo que Thur levara Stella até lá, para ver o sol se pôr. 
Os dois ficaram apenas olhando a vista ao chegarem. De fato, era muito bonita. Talvez fosse bonita o suficiente para ser o último lugar que alguém veria na vida. Se o “alguém” não fosse uma criança. Se o alguém não fosse sua filha. 
Lua não tinha nenhuma lembrança do local, não era tão doloroso assim. Ela conseguia imaginar Stella nesse lugar. Ela imaginava que a filha tivesse gostado, que ela tinha morrido feliz, pelo menos. O sol já começava a descer em direção ao mar e Lua se perdeu na beleza da paisagem. Sim, era uma bonita imagem para ser a última. Sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas não chorava especificamente de tristeza.


Creditos: Flavia C.
Adaptação: Juuh Aguiar

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