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18 de out. de 2013

Little Star (Adaptada) Capitulo Treze; Parte Um & Dois!

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Novembro, 2008

- Você está bem? – Lua perguntou, observando que Thur não falara nada desde que se afastaram no cemitério.
Eles estavam dentro do carro agora e, apesar de Arthur ter colocado a chave na ignição, não tinha ligado o veículo. Quando ele apenas assentiu em resposta, Lua se aproximou e o abraçou, precisavam estar juntos nesse momentos. Por algum tempo, eles apenas ficaram abraçados um ao outro, quando Thur começou a chorar, Lua apenas o abraçou mais forte. 
- Deixa que eu dirijo. – Ela falou, mas Thur negou com a cabeça, limpou as lágrimas e deu partida no carro. – Vamos para casa.
Os dois ficaram em silêncio pelo caminho, também não ligaram o rádio. Quando paravam em um sinal, Lu olhava de soslaio para ele, apenas para verificar como estava dirigindo. Sabia que não precisava dizer nada, estar ali ao seu lado era o suficiente. Ou, pelo menos, ela esperava. Não sabia o que tinha se passado quando Arthur ficara sozinho no cemitério. E talvez não quisesse saber. Mesmo compartilhando a dor, tinham coisas que eram pessoais demais e deveriam ser enfrentadas sozinhos, ela entendia isso.

Thur parou em frente a sua casa. Raramente eles utilizavam a casa. Lu não se sentia à vontade indo até lá; na verdade, não tinha muita coragem de voltar, todas às vezes que entrara ficara por poucos minutos, até convencer Thur a irem para seu apartamento. Agora, entretanto, ele nem ao menos pensou que ela poderia estar se referindo ao apartamento, aquela era a casa deles, afinal.
Lu não disse nada, apenas saiu do carro, entrando na casa acompanhada de Arthur. Sentiu seu coração dar um pulo ao pisar na sala, como acontecia toda a vez que entrava no lar. Ela ficou parada no meio do cômodo por alguns segundos, Thur colocou a mão em suas costas, como se a incentivasse a andar. Lua, porém, não se moveu, olhou para as escadas, observando as portas que davam para os quartos. 
Pegou a mão de Thur, apertando-a, e subiu as escadas, sentindo-se um pouco nervosa e, por causa disso, um pouco estúpida. Ao chegar lá em cima, nada pareceu diferente, sorriu para Thur, como se dissesse que estava tudo bem. A porta do quarto de Stella estava fechada e, Lu imaginou, deveria estar assim há um bom tempo. Ela passou direto, indo em direção ao seu antigo quarto.
No dia em que Stella morrera, ela ficara sozinha. Em 2006, apesar de ter estado com Jim, ela, no fundo, estava sozinha, compartilhara com ele sua história, mas não sua dor. No ano anterior, optara pela solidão também. Agora, ela precisava estar com Thur e não sabia como. Não sabia como estar verdadeiramente com ele e não apenas ao seu lado.
- Você não mudou muita coisa na casa. – Ela comentou, por fim. Diria, na verdade, que ele não mudou nada, mas resolveu deixar quieto. Thur apenas assentiu, sabendo que não fizera mudança alguma, literalmente, apenas limpava e botava tudo no lugar novamente. – Isso é estranho.
- Por quê? – Ele franziu a testa, não era estranho, era normal para ele. Não muito saudável, mas normal. – Está bom do jeito que está.
- É, mas a impressão que dá é que voltamos ao tempo. – Lu falou, enquanto observava o quarto e percebia que era realmente verdade o que dizia. – Faz parecer que tudo continua igual.
Ela não precisou colocar em palavras para Thur saber o que ela queria dizer: parecia quase que Stella ainda estava viva. Dava a sensação de que, quando saíssem do quarto, encontrariam Stella rondando a casa. Esse era o objetivo, ele pensou consigo mesmo. 
- Isso é errado, você sabe. – Ela completou. – Você precisa deixá-la ir, Arthur.

- Não sei do que você está falando. – Ele tentou acabar com o assunto, levantando-se da cama e andando pelo quarto; passou a mão pelo cabelo, sentindo o nervosismo de quem estava fazendo algo errado. – Eu não paro muito em casa, com os shows e tudo mais. Não tenho tempo para ficar rearrumando os objetos e mudando a decoração. É sem sentido, tudo está ótimo do jeito que está.
Lua o olhou, com pena. Não somente com pena de Thur, mas um pouco com pena dela mesma, pois sabia que aquela já havia sido ela uma vez. A diferença era que Thur escondia muito melhor, poucas pessoas conseguiam ver que ele precisava de ajuda. Ao contrário dela, que deixava claro para todos o quanto ela estava sofrendo, o quanto ela rejeitava a morte da filha. 
Thur não rejeitava a morte de Stella, ela sabia. Apenas não conseguia deixar para trás. E Lu entendia isso, entendia completamente. Ela tinha tido ajuda profissional e talvez só por isso tivesse conseguido superar. Não sabia se somente sua ajuda seria o suficiente para fazer com que Thur superasse também.
- Isso é mentira, Thur. – Ela respondeu; sua voz calma e o tom de censura fez Arthur estremecer. – Mudar ajuda a aceitar que as coisas mudaram. Você mudou, a casa precisa mudar também. – Ela completou. – Fica esse clima sombrio toda a vez, é como se algo nos impedisse de continuar com a vida.

- Mas eu estou continuando com a vida, eu estou. – Ele murmurou, tão baixo que Lu quase não pôde ouvir. – Não é isso que eu venho fazendo há três anos? Levando a vida. Quando eu vou parar de continuá-la e simplesmente viver? 
Sentiu a irritação borbulhar dentro de si. Tudo o que ele vinha fazendo era continuar com a vida, ele já estava fazendo isso, por que todos continuavam insistindo no assunto. então? Por que Lu estava falando isso? Logo ela, dentre todas pessoas. Fora Lua, afinal, quem ficara chorando durante meses. Fora ela quem entrara em depressão e precisara tomar remédios para lidar com a dor. Por que, então, era ele quem estava pior agora? Por que era ele quem não conseguia mudar?
- É você quem está dizendo que não está vivendo. – Lua falou, dando de ombros. – Você tem controle sobre a sua vida, Arthur. Se está irritado com a situação, mude-a.
Thur não soube responder aquilo. Não queria magoar Lua com um comentário rude, sabia que ela estava apenas tentando ajudar. Não estava conseguindo. “Mude-a”, como se fosse simples assim. Ela chegava ali e jogava tudo aquilo em cima dele, toda a verdade sobre seus sentimentos que ele vinha tentando esconder, e agora falava isso. Irritado, ele saiu do quarto e entrou no banheiro. Tomaria um banho para se acalmar e, quando saísse, era melhor Lu ter encontrado um assunto melhor.
Lua não falou nada quando Thur simplesmente saiu para tomar banho, ele precisava de um tempo para absorver as informações. E ela também.
Talvez não devesse ter dito nada daquilo, falando como se entendesse alguma coisa. Talvez Thur realmente não tivesse tido tempo de rearrumar a casa ou simplesmente não quisesse, só porque para ela aquilo significava uma coisa, para ele podia ser diferente. Ela estava passando dos limites. Aquele deveria ter sido um dia para eles ficarem juntos e, veja só, ela conseguira machucar Thur e eles estavam separados agora.
Sentiu as lágrimas brotando em seus olhos e dessa vez não sabia por que exatamente. Era uma mistura de raiva, irritação, tristeza e arrependimento. Quis socar um travesseiro, mas se sentiu estúpida apenas por ter esse pensamento, então levantou-se da cama e resolveu sair daquele quarto. O problema era aquela casa, pensou para si mesma, trazia muitas energias negativas.

Sem parar para pensar, acabou indo parar no quarto de Stella. Era automático, pensou. Fizera aquele caminho tantas vezes enquanto morara naquela casa, que não sabia mais como desviar. Acusara Thur de não ter mudado a casa, mas ela também não teria feito nada se não tivesse se mudado. Era uma hipócrita, isso sim. Irritada consigo mesma, elas deixou que as lágrimas caíssem por alguns segundos, então limpou seu rosto, determinada a parar de chorar, e ficou apenas observando o quarto vazio.- Mas essa casa também é sua. – Ele completou. – Nós vamos mudar juntos, Lu.

Ela ia responder que não morava mais lá, mas entendeu o que Arthur quis dizer. Ele queria que ela voltasse para lá. Queria que ela voltasse para casa. E ela também queria, percebeu, no fundo, aquele apartamento era apenas temporário porque, por mais que aquela casa a enchesse de lembranças que ela preferia esquecer e a desse arrepios algumas vezes, ainda era seu lar e ela pertencia à ali. Assentiu e se aproximou de Thur para beijá-lo.

Dezembro, 2008

Lua parou em frente ao quarto que fora de Stella. O quarto estava completamente vazio agora, mais do que antes, mas Lu preferia assim. As paredes haviam sido pintadas de creme e a cama, armário e estante haviam sido levados embora. Como a tinta ainda estava fresca, não tinha nenhum móvel. Ela e Arthur pretendiam fazer um escritório ali. Um lugar para que os dois pudessem trabalhar, mexer no computador ou ler um livro em paz, um lugar que não lembrasse, de modo algum, Stella. 

Lu só tinha se mudado há algumas semanas para casa e ainda estava se acostumando. Alguns de seus móveis continuavam no apartamento antigo e ela ainda estava cancelando o aluguel, mas já não morava lá e se sentia bem com isso.
Ao sair do quarto, fechando a porta para o cheiro de tinta não se espalhar, esbarrou em Thur. Ele estivera parado ali, apenas observando Lu olhar o cômodo. Sentia como se tivesse alguma coisa errada com o quarto. Mas um errado bom, na medida do possível. 
- É estranho, não é? – Lua comentou, trancando a porta e se afastando do quarto. – Transformar o quarto de Stella em um ambiente tão impessoal. – Completou.
Arthur apenas assentiu. Era melhor assim, apesar de estranho. Com o tempo talvez pudessem usar o escritório sem se lembrar do que já havia sido. Pelo menos, era o que ele esperava.
- Vamos. – Chamou, tocando Lu no braço para que ela prestasse atenção e, então, desceu as escadas.
Lua concordou, olhando para trás uma última vez, apenas para verificar se o quarto continuava do jeito que tinha deixado. Surpreendia-se com sua capacidade de acreditar que um dia iria virar e encontrar tudo diferente. Ou igual, pensou rapidamente, dependendo do ponto de vista.
Passando pelo andar de baixo, Lu parou um pouco para observar a árvore de Natal que ela e Thur tinham montado alguns dias antes. Era uma árvore bonita, cheia de enfeites dos mais variados tipos. Lu se sentiu triste, ao imaginar que ela nem seria utilizada naquele ano, já que eles haviam decidido passar o Natal na casa dos pais de Arthur. Sem Stella ali, entretanto, o Natal seria muito vazio só com eles dois. 

Eles viajariam para a casa dos Aguiar já naquele final de semana, portanto, naquele dia Thur queria levá-la para sair. Principalmente, lembrou Lu, considerando que naquele dia faria oito anos desde que Arthur a pedira em casamento. Ela ponderou se ele lembrava, provavelmente sim, ele tinha uma ótima memória.
O que só se confirmou quando eles entraram no carro e Arthur dirigiu até a London Eye. Lua não conseguiu deixar de sorrir, fazia tempo que não ia até lá, estava mesmo pensando ir novamente e não havia nenhum dia melhor para isso, para comemorar.
Oito anos, quem diria que já tinha passado tanto tempo. Quem diria que tinha passado tão pouco tempo. Parecia que uma vida inteira tinha sido vivida nesse intervalo e, entretanto, nada havia mudado. Continuava sendo eles dois. No mesmo dia, no mesmo lugar, com as mesmas sensações.
Não, ela pensou. Os sentimentos continuavam os mesmos, a maior parte, pelo menos, mas as sensações eram diferentes. Eles estavam diferentes, aqueles anos haviam tido muito mais peso do que eles gostariam. Era impossível dizer que continuavam sendo as mesmas pessoas que andaram na roda-gigante exatamente oito anos antes.
- O que estamos fazendo aqui? – Lua perguntou, deixando com que os pensamentos se transformassem em palavras.

- Eu gosto daqui. – Arthur completou, sorrindo e segurando a mão de Lu. – Me traz boas lembranças.
Porque era verdade, Lu não disse mais nada até estarem dentro da cabine. E até depois, na verdade, porque ficou apenas olhando a vista encantada. Era reconfortante como certos lugares nunca perdem o encanto, não importa quantas vezes você vá, parece sempre que é a primeira vez.
Quando estavam no topo da roda-gigante, Lu olhou para Thur sorrindo, lembrando-se de que fora mais ou menos naquela hora que ele a pedira em casamento. Como se lesse sua mente, Thur falou:
- Lu, preciso de falar uma coisa.
- Você vai me pedir em casamento de novo? – Ela brincou, rindo com a possibilidade.
- Na verdade, quase isso. – Disse, fazendo com que ela franzisse a testa, então tirou um pequeno saquinho do bolso. – Bem, eu não tinha mais a caixa original, mas acho que isso vai servir. – E tirou um anel do saquinho. Não um anel qualquer, ele tirou a aliança de casamento de Lu. – Eu acho que isso pertence a você.
Ela não respondeu. Não conseguiu. Ficou olhando abismada para a pequena aliança que Thur segurava, esperando que ela a pegasse. Imediatamente, segurou sua própria mão, como se duvidasse que sua aliança não estivesse ali. Lembrou-se então que deixara, com lágrimas nos olhos, sua aliança em casa, alguns meses antes. Dava graças a Deus por Thur tê-la guardado.
Ainda um pouco em choque, ela tentou pegar o anel, mas antes que pudesse, Thur pegou sua mão e colocou a aliança de volta no dedo certo, repetindo o mesmo gesto que fizera em seu casamento. Sem encontrar palavras, Lua apenas puxou Thur para perto e o beijou.

Creditos: Flavia C
Adaptação: Juuh Aguiar

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