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22 de out. de 2013

Little Star (Adaptada) Capitulo Quinze; Parte Um & Dois!

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Março, 2010

Lua caminhava em torno da mesa de jantar da casa de Sophia enquanto carregava Noah de um lado para o outro. Desde que o sobrinho havia nascido, duas semanas antes, ela procurava qualquer oportunidade para segurá-lo. Catherine havia se provado uma mãe muito superprotetora e não gostava muito que outras pessoas que não fossem ela ou Micael pegassem o bebê no colo; Lua, porém, costumava ignorar suas reclamações. Só mais alguns meses e seria seu próprio bebê quem ela estaria segurando, Lu mal podia esperar. No dia seguinte, teria uma consulta no médico e esperava descobrir o sexo do bebê. 
Era aniversário de um ano de Oliver e o quintal de Sophia estava cheio de pais com bebês, e, dessa vez, Lu não se sentia deslocada. Não iria negar que às vezes era um pouco doloroso ver certas crianças, também não negaria que se preocupava com como ela reagiria ao bebê, quando ele a lembrasse tanto Stella que chegasse a doer.
Não importava, ela daria um jeito, tinha certeza. Olhou rapidamente para Thur, que conversava com Raffael do lado de fora da casa, eles não tinham conversado muito sobre seus medos desde que descobriram da gravidez. Era melhor focar no lado positivo, pensamentos negativos atraem acontecimentos negativos. E nada poderia dar errado dessa vez. 
Cansada de ficar andando de um lado para o outro, Lu sentou-se em uma das mesas que estavam espalhadas pelo quintal, e rapidamente Catherine apareceu procurando pelo filho, tirando-o dos braços de Lu e dizendo que já iria para casa. Ela estava cansada, ainda se acostumando com a vida de mãe. Lua, por agora, pensava que sentia saudade até mesmo desse cansaço, quando o bebê nascesse, ela não tinha tanta certeza se continuaria pensando assim. 

- Estou meio nervosa – Lua admitiu, quando pararam em frente ao consultório.
Não sabia porque estava se sentindo assim. É claro que estava ansiosa para ver seu bebê, mas não fazia sentido tanto nervosismo. Não se lembrava de ficar assim durante a gravidez de Stella. Mas também, já havia se passado mais de oito anos, detalhes desse tipo já tinham sido distorcidos em sua mente. 
- Não tem motivo, querida – Thur a acalmou, segurando sua mão – Vai estar tudo bem.
Ela assentiu, repetindo a frase várias vezes na sua mente. Como Arthur podia estar tão calmo? Ele não parecia nem um pouco nervoso, e Lua invejava sua capacidade de não deixar-se afetar.
- E se for um menino? – Ela falou de repente, fazendo com que Thur começasse a rir – Eu não sei criar meninos. 
Ela não falou, porém, que tinha ainda mais medo que fosse menina. E que fosse muito parecida com Stella. Preferia falar sobre seu medo secundário, era mais fácil de colocar para fora.
- Não se preocupe com isso, Lu. Não importa se é menino ou menina, você vai continuar sendo uma ótima mãe – Ele disse, saindo do carro e, depois, abrindo a porta para Lua, obrigando-a a sair também.

- Certo, vamos começar. Ansiosos para ver o bebê? – A médica perguntou.
Lua não respondeu, apenas riu nervosamente, demonstrando que estava mais do que ansiosa. Thur não disse nada, apenas apertou a mão da esposa, enquanto olhava para a tela, esperando que alguma coisa aparecesse. A médica começou a passar o aparelho na barriga de Lua e, apesar de ser meio confuso, Thur não conseguia identificar nada parecido com um bebê na tela.
Lua observou que a médica parecia não conseguir identificar também, já que fazia uma cara de confusão.
- O que houve? – Lu perguntou, começando a ficar preocupada e olhou de soslaio para Thur.
- Calma, às vezes é mais difícil de conseguir uma boa visão – Ela disse, mas parecia estar escondendo alguma coisa.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo. A médica continuou procurando por alguma coisa, olhando para tela como se estivesse vendo algo que não gostasse. Lua apertava cada vez mais forte a mão de Thur, mas ele já não se importava, estava preocupado demais tentando desvendar o comportamento da médica.
- Sinto muito, - A doutora falou – Sra. Aguiar, o seu útero não está do tamanho que seria o normal para 14 semanas, eu estava verificando se estava tudo bem, mas... O coração do feto não está batendo – Ela continuou, com medo de ser mais explícita – Você sofreu um aborto espontâneo. É comum isso acontecer no início da gravidez...

Ela continuou falando, explicando as causas, mas já perdera Lua. Arthur também já não escutava mais a médica, apenas olhava a esposa, reparando que ela estava ficando pálida e seu olhar estava meio vago. A médica falou que teriam que executar um processo de curetagem, para tirar o feto e a placenta, entretanto ela teve que repetir para que Thur entendesse. Nenhum tentou falar com Lu.
- Por quê? – Lua falou de repente – Por que isso está acontecendo comigo?
Sabendo que não eram explicações científicas que ela queria, a médica optou pelo silêncio. E sem ter nenhuma resposta para a esposa, Thur fez o mesmo. Uma lágrima escorreu pelo rosto de Lua, ela não se deu o trabalho de limpá-la. Ficou calada pelo resto da consulta, apenas obededendo à médica.

Lua não falou nada até chegar ao carro, quando desmoronou em lágrimas. Thur não disse nada, apenas dirigiu até a casa. Ele queria abraçar Lua, queria dizer que estava tão triste quanto ela, mas tinha medo que ela fosse reagir igual quando Stella morreu, afastando-o. 
Lu estava preocupada demais com seus pensamentos, para notar qualquer tentativa de afeto de Arthur. Ela não conseguia parar de pensar “Por quê?”. Todos, literalmente todo mundo, havia lhe dito que tudo ficaria bem dessa vez. Que ela estava certa de continuar, de tentar ter outro bebê. Que nada de errado aconteceria. Para que? Só para que ela tivesse todo esse trabalho de se reerguer, colocado suas esperanças lá no alto, apenas para vê-las desabando em um segundo. 
Não era justo. Não era justo que ela perdesse tudo o que ela queria. Não era justo que ela não pudesse ao menos ter seu filho em paz. Não podiam tirar isso dela. Não de novo. 
Ela saltou do carro rapidamente, ao estacionarem na garagem de casa. Ignorou os chamados de Thur, apenas subiu para o quarto, fechando a porta antes mesmo que o marido tivesse subido ao segundo andar. Ela queria ficar sozinha. Em algum lugar, no fundo de sua mente, sabia que não deveria. Sabia que estava cometendo os mesmos erros duas vezes.

Ora, se podem errar tirando-lhe sua felicidade duas vezes, ela também tinha direito de errar novamente, não é? Ela não queria saber se seus pensamentos tinham lógica ou não, apenas queria se enterrar no meio dos lençóis e chorar até morrer. Um pensamento muito positivo, é claro.
Ela queria seu bebê de volta no seu útero. Queria seu sorriso se volta no seu rosto. Queria sua esperança de volta.
Mas ela não podia ter tudo o que queria. Na verdade, não podia ter nada do que queria, aparentemente.
Ela só tinha um pedido na vida, tudo o que ela queria era ter uma família, tudo o que ela queria era ser mãe. Por que, por mais que tentasse, não conseguia? Por que continuava falhando e falhando, sem nenhum motivo aparentemente? Deus realmente não gostava dela, pensou. Ou isso, ou o universo estava realmente tentando lhe ensinar uma lição: ela não nascera para aquilo, era melhor desistir.
De fato, ela estava cansada de continuar tentando. Estava cansada de tentar ser feliz. Ela estava cansada de achar que tinha conseguido, para depois descobrir que se enganara. Estava cansada de ver todos seus sonhos escaparem por suas mãos. Era melhor não ter sonho nenhum, do que ter e perdê-lo. 
Com as perguntas rolavam por sua mente e as lágrimas por sua face, Lu acabou adormecendo, mesmo ainda estando de manhã.
Ao chegar no quarto, Thur encontrou Lu dormindo quase profundamente, sem querer atrapalhá-la, ele saiu rapidamente de lá. Acabou indo para o escritório, que costumava ser o quarto de Stella, já que o antigo tinha sido transformado em um quarto para o futuro-não-mais-existente bebê. Era irônico como eles acabavam voltando para o mesmo cômodo, de um modo ou de outro. 
Ele não iria para cama e choraria até dormir como Lu fizera. Não podia se dar o luxo de fazer isso. Por mais que o medo estivesse o consumindo, por mais que toda a tristeza que tinha deixado escondida nos últimos tempos estivesse voltando com toda intensidade.
Não aguentaria passar por tudo aquilo de novo. Não conseguiria ver Lua no mesmo estado de três anos antes. Tudo estava indo tão bem, não podia voltar tudo tão de repente. Mas ele tinha o pressentimento que voltaria. Sabia disso desde que a médica anunciara que eles tinham perdido o bebê e o olhar de Lu se perdera. Era uma questão de tempo, pouco tempo, até que ela se perdesse completamente.
E até que ele recorresse a bebida novamente.
Logo, viraria um ciclo. Talvez em alguns anos ele e Lu voltassem novamente. Talvez estivessem destinados a repetir os mesmos erros todas as vezes. Até aprenderem que não existe a possibilidade de eles serem felizes. E nunca existirá.
Ele estava sendo ridículo. Sabia que estava ao mesmo tempo em que pensava, mas não conseguia evitar. Todos os seus piores pesadelos haviam se tornado verdade, o mais improvável tinha acontecido. Eles haviam perdido mais um filho. 
Mesmo que ainda fosse um feto, ainda contava. Era uma vida, afinal. 
Não só isso, era um símbolo. Era um símbolo da felicidade que ele e Lu tinham conseguido resgatar, da esperança que ainda restava, da certeza de que tudo ficaria bem no final. E esse símbolo estava morto agora. 

E o que ele poderia fazer? Resgatá-lo estava muito a cima de sua capacidade. A cima da capacidade de qualquer humano deste século, pelo menos.
Ele poderia não desistir. Ele poderia tentar resistir a tendência de voltar ao passado. Ele poderia ajudar Lu e os dois poderiam continuar juntos dessa vez. E podiam continuar tentando acertar.
Mas isso seria tão difícil. Daria tanto trabalho. Valeria mesmo à pena? E se acontecesse mais alguma coisa. Até onde a força de vontade vai? Até lugar nenhum, Thur pensou, ao continuar no mesmo lugar e resolver simplesmente deixar que o tempo resolvesse tudo. Ou que não resolvesse nada. Ele estava cansado demais para se importar.

Lua não encontrou Thur no quarto quando acordou. Descobriu que havia cochilado por pouco mais de meia hora e o sono não fora o suficiente para apagar sua memória. Ela nem ao menos havia sonhado, nem ao menos conseguia fingir que tudo não passava de um engano ou de uma ilusão. Nunca era um engano, não com ela. 
Ela desceu para o primeiro andar, sem se dar o trabalho de procurar Arthur em um dos outros cômodos. Foi até a cozinha, onde tomou um copo de água e uma aspirina. Pensou em tomar um antidepressivo, mas sua medicação já havia acabado há um tempo. Talvez fosse melhor ligar para sua psicóloga. Talvez fosse melhor ligar para qualquer pessoa. Ou ao menos conversar com Arthur. Talvez ele estivesse preocupado. Talvez ele também estivesse mal.
Não conseguiu recuperar forças suficientes para subir novamente, entretanto. Sentou-se em uma das cadeiras da cozinha, sentindo-se completamente vazia. Nenhum pensamento passava por sua mente. Nada além de uma vasta escuridão dentro de seu cérebro.
Algumas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto e Lu já não sabia mais pelo o que chorava. Tudo estava tão errado que ela não mais sabia o que era certo.

Só sabia que queria seus bebês de volta. 
Só sabia que queria ficar sozinha.
Ela ouviu os passos de alguém descendo as escadas. Mesmo que não totalmente consciente disto, percebeu que aquele seria o momento que decidiria como reagiria a toda essa situação. De acordo do modo como reagiaria a presença de Thur, ela sabia se realmente tinha voltado ao estado pós-morte de Stella. 
Arthur entrou na cozinha e não disse nada, apenas acenou com a cabeça para Lu que continuou imóvel. Ele abriu a geladeira, como se procurasse por algo e fechou irritado logo em seguida. Ele então se virou para Lu, devagar, como se não tivesse certeza como deveria reagir perto dela. Ele se aproximou da esposa, que automaticamente deu um passo para trás.
- Lu... – Ele comentou, portando possivelmente um dos olhares mais tristes que Lu havia visto dos últimos anos – Não se afaste de mim, por favor.
Ela não respondeu nada, apenas continuou o encarando, tentando segurar as lágrimas que começavam a se formar em seus olhos. Quando Thur fez menção de chegar mais perto, Lua se afastou mais ainda, surpreendendo até a si mesma com o movimento.
- Eu sinto muito – Ela disse, antes de sair rapidamente da cozinha e subir para o quarto.
Ela teve sua resposta. Ele também. Tudo tinha voltado a ser como antes.

Creditos: Flavia C
Adaptação: Juuh Aguiar

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