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21 de out. de 2013

Little Star (Adaptada) Capitulo Quatorze; Parte Um & Dois!

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Março, 2009
Lua suspirou ao entrar no hospital. Apesar de ser um hospital diferente, em uma cidade diferente, seu pensamento imediatamente saltou para a noite em que vira os médicos tentarem ressuscitar Stella. A verdade era que não tinha entrado em um hospital nenhuma vez naqueles últimos anos. Tinha ido a médicos, é claro, mas não em um hospital de fato. Era estranho como todos eles se pareciam.
Dessa vez, porém, ela sabia que sua visita não traria lágrimas. O filho de Sophia havia nascido no dia anterior e ela estava indo visitá-lo pela primeira vez. Thur já estava lá com os meninos, todos estavam celebrando a chegada de um menino à família. Eles tinham ficado animados com o nascimento de Elle e de Stella também, mas, no fundo, todos esperavam por um menino. 
- Tia Lu! – Elle a chamou do final do corredor e veio correndo em sua direção, largando a mão do pai. – Você veio conhecer o Ollie? – Ela fez uma pequena pausa e continuou. – Ele é tão pequenininho! Assim, olha. – Ela afastou as mãos, deixando um pequeno espaço, provavelmente muito menor do que o irmão era. – Mas é muito fofo. Mamãe me deixou segurá-lo ontem! Eu mal posso esperar para poder brincar com ele. – Completou e então saiu correndo em direção ao quarto novamente.
- Ela está muito animada com a ideia de ter um irmão. – Chay avisou, rindo e observando a filha. – Mas tenho quase certeza que ela acha que ele é um brinquedo, ou algo assim. 
Lua observou que Chay, apesar de um pouco cansado, parecia muito feliz. Parabenizou-o pelo novo bebê e foi então encontrar Sophia. O quarto, apesar de grande para os padrões de um hospital, estava superlotado. Além de Elle e Chay, estavam também Thur, Dougie, Micael, Catherine e os pais de Sophia.
Sophia parecia meio incomodada com a quantidade de pessoas ali e, provavelmente, queria que todos fossem embora para que ela pudesse dormir, mas sorriu para Lu quando ela chegou. Lua se aproximou, entregando-a o presente que tinha comprado para a criança.

- Quer segurar o Oliver? – Sophia perguntou, procurando pelo filho, que estava sendo repassado de braço em braço. Encontrou-o com Catherine, que olhava o bebê com encanto. – Acho que alguém está pensando em ter filhos. – Comentou.
Lua olhou para a irmã e concordou com a amiga. Pensou em como seria legal ter um sobrinho, principalmente agora que estava voltando a gostar de crianças e aprendendo a lidar com elas.
Aproximou-se da irmã, pegando o bebê no colo. Enquanto segurava Oliver no colo, lembrou-se de como era Stella. Lembrou-se, em seguida, dos meses que sucederam sua morte, em que Lu costumava ir ao seu quarto e ficar na cadeira de balanço. Perguntou-se por um momento se um dia estaria preparada para ter outros filhos, se um dia conseguiria superar.
Ela queria ter outros bebês. Esse era seu sonho, afinal, ser mãe. Mas não conseguia deixar a memória de Stella de lado para isso. Não queria que vissem seu filho como um substituto, não queria que ela mesma acabasse tratando o filho assim. Olhou para Thur, que estava do outro lado do quarto conversando com Micael, e imaginou se ele também pensava sobre ter filhos novamente. 
Ainda não era a hora certa para falar sobre isso. Mas teria realmente uma hora certa?
Lu se perguntava se não seria tarde demais quando ela decidisse. 
Lua riu, observando a expressão de felicidade no rosto de Catherine. O que umas boas férias não faziam. Lu pensou, só Deus sabia como ela estava precisando de umas. Quanto tempo fazia desde que tirara um tempo só para si mesma? Mais do que um ano, sem dúvida.
- As férias te fizeram bem. – Lua comentou, compartilhando parte de seus pensamentos.
- Sim, bastante. – Ela abriu mais um sorriso e mordeu o lábio, como se fosse contar alguma coisa, mas não soubesse exatamente se devia. Lua apenas ergueu as sobrancelhas, observando a reação da irmã. – Eu sei que vocês devem estar se perguntando porque eu pedi que se encontrassem aqui comigo tão rapidamente. – Catherine começou e Sophia franziu a testa.
- Na verdade, não. – Sophia disse. – Não teve nada de estranho nesse almoço, até agora, Cath.
- Achei que você só estivesse com saudade da gente ou algo assim. – Completou Lu, dando de ombros.
Catherine revirou os olhos, aborrecida porque não a deixaram terminar de falar e apenas as encarou, deixando claro que ela queria dizer algo.
- Eu estou grávida! – Ela anunciou, abrindo provavelmente o maior sorriso que já dera na vida.
- Ah, isso é ótimo, Cath! – Lu falou, abraçando a irmã. – Awn, finalmente vou ter um sobrinho para cuidar.
O resto do almoço inteiro foi apenas uma celebração da gravidez. Catherine contou que eles já estavam pensando em ter um bebê por algum tempo e, durante essa última viagem, ela finalmente conseguira. Catherine queria contar logo para elas, pois tinha certeza que Micael contaria para os outros imediatamente e Cath queria ela mesma contar.
Após se despedir das duas, Lua foi direto para sua casa, aproveitando que podia resolver todo o resto do seu trabalho por telefone. Precisava de um tempo para se acalmar, enquanto os pensamentos se espalhavam em sua mente. Aproveitaria que Arthur provavelmente não estaria em casa, para organizar o que estava sentindo.
E daí que sua irmã estava grávida? Ela deveria estar feliz, não é? Mas é claro que estava feliz, Lu pensou. Não era que não estivesse, estava muito feliz por Catherine, só estava triste por ela mesma. Como sempre. Catherine, que era tantos anos mais nova que ela, já estava casada e tendo filhos, e isso a fazia se sentir velha. O que a levava a pensar que talvez não tivesse mais tantos anos de fertilidade assim.
Lua sobressaltou assustada, estava tão perdida em seus pensamentos que nem ouvira Thur chegar em casa. Ela apenas sorriu para o marido, afastando-se da janela que estava, encarando fixamente e cumprimentando-o. 
Questionou-se se deveria falar sobre o que estava pensando. Não sabia como Arthur iria reagir, ou pior do que isso, não fazia a mínima ideia. Nunca haviam nem ao menos comentado sobre a ideia de ter outro filho. Pelo o que Lu sabia, Arthur podia nunca ter pensado sobre o assunto ou ser totalmente contra. E as coisas andavam tão boas entre eles, ela não queria estragar tudo. 
- Você ouviu o que eu disse? – Ele questionou, erguendo as sobrancelhas e despertando a atenção de Lua. – Lu? 
- Ah, desculpa. O que houve? – Ela tentou voltar sua atenção ao marido.
- Micael e Cath vão ter um filho! – Ele anunciou animado. – O quão legal é isso? Parece que todos estão tendo filhos. Talvez até Raffael daqui a pouco. – Ele parou um segundo para pensar no assunto. – Acho que ele está saindo com Jenny de novo. De qualquer forma, Micael e Catherine tendo um bebê, o que acha disso?
- Cath me contou hoje mais cedo. – Ela falou, ainda meio em outro mundo. – Estou feliz por eles. E por Raffael. – Acrescentou. - Eu gosto de Jenny.

Lua andou em direção à cozinha, pegando um copo de água, como se precisasse se ocupar com alguma coisa para não parecer tão fora de sintonia. O que, claro, não adiantou muito, já que Thur continuava a olhando com o cenho franzido, tentando entender o que se passava pela mente da mulher.
- Lu, o que houve? – Ele perguntou, seguindo-a, sem saber por que ela estava agindo assim. Quando Lua o olhou sem entender, ele completou. – Você está estranha. E não está agindo como se estivesse feliz. Você e Catherine brigaram ou algo assim?
- Não, é claro que não. É só que... Eu sou a irmã mais velha, eu deveria ter filhos antes dela. – Ela falou, sem saber como trazer o assunto à tona. 
- Mas você teve. – Ele disse, referindo-se a Stella e não entendendo o que ela queria dizer.
Lua balançou a cabeça negando. Sim, ela teve. Mas Stella não contava realmente, não é? Não mais. Naquele momento, Lua entendeu que Thur não tinha pensando no assunto e provavelmente não iria gostar da ideia. Mas não tinha mais jeito de voltar atrás agora, ela poderia encerrar o assunto por ali, mas ela conhecia Arthur e sabia que ele traria de volta mais tarde. 
- Eu sei, mas ultimamente eu estive pensando e... – Ela parou e Thur fez sinal para que ela continuasse. – Você sabe que eu sempre quis ter filhos. Agora que nós estamos juntos de novo, nós podíamos, não sei, tentar novamente

Arthur não respondeu nada, ainda absorvendo a informação. Lu também não continuou a dizer, com medo do que ela acharia, naquele momento daria tudo para poder ouvir os pensamentos de Thur. Talvez ela devesse ter esperado um pouco mais, ter amadurecido a ideia.
- Há quanto tempo você vem pensando nisso? – Ele disse, finalmente.
- Algum tempo. – Ele respondeu, estranhando a pergunta. – Desde que Oliver nasceu, acho, mas principalmente de um mês para cá, eu acho.
- Por que você não me disse nada? – Ele pareceu mais chateado do que irritado. – Essa é uma decisão importante, Lu, não podemos decidir tão precipitadamente.
- Não é precipitado. Não estou dizendo para termos um bebê amanhã, Arthur, só começarmos a pensar no assunto. 
- Eu sei. Mas não acha que é cedo demais?
- Faz quase quatro anos! Quando vai parar de ser cedo, Arthur? Quantos anos você acha que eu ainda tenho para ficar pensando sobre o assunto? Não muitos. – Ela respondeu irritada, não sabia por que estava se estressando, mas estava.
- Podemos pelo menos esperar alguns anos. Nós não estamos prontos para isso.

- Eu estou pronta. Droga, Thur, eu estou pronta para ser mãe há uns dez anos.
- Mas isso não foi o suficiente, não é?
Os dois ficaram calados por algum momento, apenas pensando no que Thur tinha dito. Não, não fora o suficiente. Não importava se eles estavam prontos, se eles queriam aquilo e podiam, no fim não foi o suficiente para manter Stella viva.
- Não foi minha culpa Stella ter morrido. – Ela falou, quebrando o silêncio e encarando Thur com raiva por ele ter trazido Stella para o assunto.
- Eu não disse que foi. Só quero dizer que não importa o que façamos, nós não sabemos o que vai acontecer. Eu não quero passar por isso de novo.
- Por que nós perderíamos outro filho? O que aconteceu foi um acidente, quais são as chances de acontecer de novo? – Ela falou, tentando fazer com que Arthur entendesse. – Nós podemos ter outra chance, Thur. Você não gostaria de poder fazer tudo mais uma vez? Só que dessa vez, ela faria quatro anos, cinco... E continuaria crescendo.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Lua, enquanto ela pensava em tudo que eles não tinham tido e que poderiam ter. Falar em Stella sempre a deixava emocional, não importava quanto tempo tivesse passado.

- Mas nós não podemos voltar no tempo, Lu. Outro bebê não seria Stella. 
- Mas seria nosso filho. Pense nisso, Arthur. Não seria Stella, seria outro bebê, mas ainda seríamos nós dois. Você sempre quis ter outros filhos, eu também, por que não?
- Eu não quero mais. – Ele falou, encerrando o assunto e saindo em direção à porta de casa.
- Você vai embora? De novo? – Ela reclamou, limpando as lágrimas do rosto. – Todas as vezes que as coisas complicarem um pouco, você vai simplesmente me deixar sozinha?
- Eu nunca te deixei sozinha. – Ele avisou, um pouco magoado com a referência que ela fez. – Eu só vou sair para pensar um pouco. – E falando isso, saiu de casa, batendo a porta.
Lua não falou mais nada, apenas deixou que ele fosse embora. Ótimo, agora estava estressada. Era a primeira briga de verdade que eles tinham desde que voltaram a morar juntos. É claro que já tinham brigado várias vezes antes, mas nada muito sério. 
Lua imediatamente se arrependeu do que tinha dito para Thur. Não deveria ter falado de ele ir embora, não depois de assegurá-lo que tinha o perdoado e sabendo como ele se sentia culpado. Não sabia realmente porque tinha dito aquilo, odiava não conseguir pensar quando estava irritada. Esperava que Arthur voltasse para casa logo e eles pudessem resolver tudo. 

Não devia ter ficado tão na defensiva, pensou, não era tão importante assim, afinal. Se Arthur queria esperar, ela podia esperar, não podia? Por que sentia essa necessidade tão grande de ter outro filho? Como se precisasse provar que podia ter um filho?
Talvez Arthur estivesse certo. Talvez ela realmente não estivesse preparada para ter outro filho. E como poderia estar? Verdade seja dita, a morte de Stella ainda a assombrava. Como poderia colocar todo esse peso em cima de outra criança? Ela poderia correr o risco de tentar substituir a perda de um filho com o outro. De fazer comparações. E isso a faria se sentir uma péssima mãe.
Por outro lado, talvez esse sentimento nunca passasse. E se ela continuasse pensando assim, iria acabar nunca tendo outro filho. E sempre pensaria “E se?”. Também não queria que isso acontecesse.
Cansada de se torturar com seus próprios pensamentos, Lu resolveu tomar um banho para ver se conseguia relaxar um pouco. Estava trabalhando demais, isso estava a estressando. Não devia ter descontado em Thur. Ele também não estava tendo uma semana muito fácil, ela provavelmente deveria ter esperado um pouco mais.
Mas também estava com aquilo preso e precisava contar. A culpa não era dela se Arthur reagira tão mal a sua proposta. Não era tão absurdo assim ter um bebê. Não era possível que em quase um ano que eles estavam juntos de novo, ele nunca tivesse pensado nessa possibilidade. Mas ele estava certo, esse era um passo importante, eles deveriam esperar para decidir juntos.

Ela saiu do banho, notando que Arthur ainda não havia voltado. Aonde será que ele havia ido? Será que ela deveria começar a ficar preocupada? Procurou-o pelo resto da casa, confirmando que ele realmente não estava ali. Ligou para o celular dele, mas Thur não atendeu. Lu reparou que começava a chuviscar lá fora, era só o que faltava. Esperava que Arthur pelo menos tivesse levado um guarda-chuva.
Ainda estava de tarde, provavelmente Arthur só tinha ido encontrar com Chay ou Raffael. Lembrou-se de que tinha muito trabalho a fazer ainda e, enquanto ele não aparecia, era melhor ela adiantar alguma coisa. 
Mais de uma hora depois, Lu tentava continuar trabalhando, mas não conseguia se concentrar. Arthur ainda não tinha voltado. Já estava há duas horas fora e já estava quase de noite. Lua tentou ligar para seu celular de novo, mas novamente ninguém atendeu. Preocupada, ela ligou para Chay, Raffael e Micael, mas nenhum deles tinha visto Thur desde que ele voltara para casa, mais cedo.
Lua pensou em sair para procurá-lo, mas não fazia a mínima ideia de onde ele poderia estar. Ela olhou pela janela e notou que ele havia levado o carro, o que basicamente significava que ele poderia ter ido para qualquer lugar. Tentou ligar mais uma vez para Arthur. A chuva aumentou.
Lu pensou em um lugar que Arthur poderia estar. Tinha uma grande chance que ele não estivesse, mas ela esperava que sim. Deixou um bilhete para o caso de Arthur voltar para casa antes dela, então pegou um guarda-chuva e chamou um táxi.

A chuva tinha diminuído um pouco quando Lua finalmente avistou o cemitério. Tinham apenas alguns carros estacionados e, felizmente, ela conseguiu destacar o carro de Thur entre eles. Ela saltou do carro e correu até a lápide de Stella, onde tinha certeza que o encontraria. De longe, ela o viu parado, em meio aos pingos de chuva. Revirou os olhos, pensando que ele provavelmente ficaria resfriado depois. 
Ela andou calmamente até ele, parando ao seu lado e protegendo-o da chuva com seu guarda-chuva. Ele pareceu não perceber sua presença por alguns segundos e então virou-se assustado, como se tivesse sido encontrado fazendo alguma coisa errada.
- Lu? – Ele perguntou, tendo que falar alto para que ela o ouvisse.
- Você está bem? – Thur apenas assentiu, ela não podia ver suas lágrimas misturadas com as gotas de chuva.
Arthur pegou a mão de Lu e andou até o carro, sem dizer mais nenhuma palavra. Ele sabia que ela estava irritada por ele ter sumido, mas estava feliz que ele estiva bem. Ele sabia que deveria ter atendido seus telefonemas, mas precisava realmente de um tempo para pensar. Ele tinha sim pensado em ter outros filhos, algumas raras vezes, sempre descartara essa oportunidade, porém. Arthur tinha conseguido, depois de muito esforço, perdoar-se um pouco pela morte da filha; mas continuava ali, apesar de tudo, o medo, as inseguranças. Se eles tivessem outro bebê e acontecesse alguma coisa? Como ele conseguiria se perdoar dessa vez? E se, afinal, tivesse realmente sido culpa dele?

Lu estava certa, ele queria ter outros filhos, sempre quisera. Mas tinha tanto medo. E se ele voltasse a beber? E se, e se. Ele sabia que se continuasse a questionar tudo o que poderia acontecer, ele acabaria não vivendo.
E se eles tivessem um filho e desse tudo certo? Eles estavam tão felizes, tudo estava tão perfeito entre ele e Lu, o que poderia dar errado? Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, era o que sempre diziam. Eles já haviam sofrido demais nessa vida, será que ele não podia simplesmente dar uma chance a si mesmo de ser feliz? Mais do que isso, não podia dar uma chance à Lu? 
Ele havia abandonado-a uma vez e prometera a si mesmo que nunca faria isso novamente. Eles estavam juntos e se Lu queria ter outro filho, se ela estava pronta para embarcar nessa vida novamente, então ele iria com ela. 
- Me desculpa. – Lu falou quando eles chegaram ao carro. – Eu não devia ter reagido tão mal. Você está certo, Thur, nós deveríamos esperar.
Arthur arregalou os olhos ao ouvir isso. Depois de todo o drama interno que tinha tido, ela simplesmente aceitava e dizia que eles deveriam esperar? Ela só podia estar brincando! Arthur quase riu; ele deveria ter imaginado que Lua faria uma coisa desse tipo.
- Engraçado, porque eu ia dizer que achava que nós devíamos tentar. – Ele comentou.

Lua não respondeu nada, parecendo arrependida ter falado antes. Apenas o encarou, como se perguntasse se ele estava falando a verdade mesmo.
- Você tem certeza? 
- Tenho. Vai dar tudo certo dessa vez, Lu, nós vamos ter outro bebê e vai ser a melhor fase da nossa vida. – Ele falou com tanta certeza, que Lua ficou até surpresa.
Apenas sorriu para ele, tentando deixar de lado suas próprias inseguranças. Tudo ia dar certo dessa vez, Arthur estava certo. Eles estavam tão felizes, por que daria alguma coisa errada? Ela o beijou e Thur dirigiu até a casa novamente.
Ao chegarem, Lua entrou na casa e Thur ficou para trás, para fazer alguma coisa. Ele apenas pegou um saco plástico, que continha suas compras de algumas horas atrás, e jogou-o na lata de lixo. Hesitou por apenas um segundo. Só ele sabia o quão próximo estivera de beber aquela garrafa, apenas parara por alguns minutos no cemitério para pensar um pouco mais sobre suas próprias decisões e, então, Lua chegara. Alguns minutos a mais e o que iria para o lixo era sua reabilitação.
Seria a melhor época de suas vidas, ele repetiu para si mesmo, não tinha com o que se preocupar. Estavam prontos. 

Dezembro, 2009

Lua encarava a tira que marcava duas listras sem saber como reagir. Sentiu uma solitária lágrima escorrer pelo seu rosto. Pela primeira vez em muito tempo, chorava de felicidade. Seu teste de gravidez dera positivo! Depois dos últimos três meses sem nenhum sucesso, ela tinha vontade de contar para Deus e o mundo. Ao invés disso, apenas saiu do banheiro, levando o teste consigo e encontrou Thur esperando-a ansiosamente, sentado na cama. Ela apenas sorriu, levantando o resultado.
Arthur entendeu na mesma hora, pulando da cama e abraçando a mulher. Agora era oficial, não tinha mais como negar, eles teriam outro bebê.
É claro que ambos ainda tinham suas inseguranças, mas tinham nove meses para se preparar. Era tempo o suficiente, diziam para si mesmos. Eles pensaram bastante sobre o assunto, pensaram em parar de tentar cada vez que a menstruação de Lua chegava, mas decidiram que continuariam tentando.
Eles continuariam a construir uma família. E, finalmente, aquela sensação de que falta algo, desapareceria. Pelo menos, era o que esperavam.
O ano estava acabando e eles começariam o próximo completamente renovados. Quatro anos antes, Lua planejara começar o ano seguinte com uma nova gravidez. Planejara ter um segundo filho e comemorar com Thur e com Stella. Ela pensara em como contaria para Stella, como seria, se levaria a filha para ir à consulta do médico com ela, se Stella opinaria sobre o nome do bebê.
Mas era apenas ela e Thur novamente. Passando por uma gravidez mais uma vez. Jantando para comemorar. De alguma forma, lembrar de tudo isso, fez com que Lu ficasse triste. Ela tinha que deixar esses pensamentos de lado. Eles iriam ter outro filho, ela teria mais responsabilidades como mãe, não podia deixar que simples memórias a abalassem tanto.
Percebendo a mudança na feição de Lu, Arthur a apertou em um abraço. Ele sabia que, com um novo bebê, a lembrança de Stella ficaria cada vez mais forte, cada vez que repetissem alguma coisa que já tivessem feito com a filha, eles se lembrariam dela. E eles teriam que ser fortes para passar por isso. 
- Nós vamos conseguir. Nós vamos mesmo fazer isso. – Ele falou, beijando o topo da cabeça de Lua. – Tudo vai se ajeitar agora.

Creditos: Flavia C
Adaptação Juuh Aguiar

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